Há momentos na vida que surgem como um suave empurrão do destino. Aqueles que te afastam do lugar familiar, do silêncio aconchegante de trabalhar sozinha, e te colocam no centro de um salão repleto de pessoas, expectativas e olhares. Dessa forma, realizei minha primeira cobertura profissional de um evento.
Ali estava eu, cercada de empresários, políticos e outros jornalistas iniciantes como eu — todos com aquela ansiedade mal contida de quem deseja realizar um ótimo trabalho. Meu coração batia acelerado. Mãos frias. E aquela vozinha insistente não parava: “E se você não conseguir? E se ele aprontar alguma coisa?”
Confesso que o medo foi real. Fiquei travado algumas vezes. Pensei em desistir muitas outras vezes.
Porém, no meio de toda aquela agonia, algo começou a se agitar dentro de mim. De repente, todas as resenhas que escrevi sozinha no meu quarto e os diários que mantive apenas para mim passaram a ter outro significado. As palavras ansiavam por deixar o papel. E eu, apesar de estar tremendo, permitia que isso ocorresse.
Nem tudo é agradável nessa jornada. Há dias em que surge a sensação de não pertencer, de não ser suficientemente boa. Às vezes, fico paralisado diante de alguém importante e só consigo refletir sobre o que fiz de errado depois. Há tropeço, hesitação e frases mal formuladas. Porém, é exatamente nesses momentos — nos mais desafiadores e que ferem o orgulho — que ocorre o verdadeiro aprendizado. É no desconforto que crescemos, mesmo que cause um pouco de dor.
Encontrar um mentor competente nesse processo fez toda a diferença. Alguém que não apenas é especialista no ofício, mas também demonstra paciência com minhas inseguranças e acredita em mim quando eu mesma duvido. Isso não tem valor.

